investigação

Pilotos de caça que caíram em Viamão têm alta de hospital

Eduardo Tesch

Os dois pilotos do caça modelo A-1B (AMX), da Ala 4, antiga Base Aérea de Santa Maria, que caiu na última sexta-feira, em Viamão, receberam alta do Hospital da Aeronáutica de Canoas e passam bem. Segundo informações da Força Aérea Brasileira, ambos, identificados como capitão Daniel Vitor, natural de Belém (Pará), e tenente Munareto, da região metropolitana de Porto Alegre, ejetaram da aeronave e não tiveram ferimentos. Agora, eles vão passar por uma bateria de exames para retornar ao trabalho.

- Eles tiveram alta no último sábado. Agora, estão fazendo o procedimento de inspeção de saúde, que é um processo protocolar. É um exame que eles fazem a cada seis meses para, depois, poderem retornar a voar - explica o comandante da Ala 4, coronel Élison Montagner.

O acidente ocorreu devido a uma falha no motor, quando o avião estava a cerca de quatro quilômetros de altura. Segundo Montagner, os pilotos realizaram os procedimentos para o reacionamento do motor, todos sem sucesso.

Caça da Ala 4, antiga Base Aérea, cai em Viamão

- Os pilotos treinam isso em simuladores. Então, eles seguiram todos os procedimentos. Não tendo sucesso, eles entraram em condições visuais, apontaram a aeronave para uma área descampada e ejetaram quando o caça estava a um quilômetro do solo. Como o motor não funcionou, a única opção foi a ejeção - destaca o comandante da Ala 4.

O caça foi adquirido a partir de uma parceria entre Itália e Brasil, visando a transferência de tecnologia entre os dois países, em um consórcio entre Embraer, Aermacchi e Alenia. Ele foi fabricado em 1998 e não será substituído. Os destroços, que ficaram em uma área de difícil acesso em Viamão, ainda estão sendo retirados pela Ala 3, antiga Base Aérea de Canoas.

- Todo o material está sendo recolhido. As grandes partes já estão na Ala 3, de Canoas. Então, está sendo executado um pente-fino para que o inquérito seja feito. Existe uma equipe de investigação que está executando essa parte - explica Montagner.

EM ANOS ANTERIORES
Outros acidentes aéreos aconteceram durante os 47 anos de história da Ala 4, conhecida por muitos anos como Base Aérea de Santa Maria. Em 1985, um C-130 Hércules bateu em um morro, no Cerrito, deixando sete pessoas mortas. Já em 2003, durante a 32ª Expoaer, um avião de acrobacias caiu durante uma apresentação. Cerca de 25 mil pessoas, que estavam no evento, presenciaram o acidente.

HISTÓRICO DE ACIDENTES
Relembre casos envolvendo aeronaves da Base Aérea de Santa Maria, desde 1983:

1º/07/1983

  • Um caça AT-26 Xavante da Força Aérea Brasileira caiu depois de bater em um morro atrás da Base Aérea de Santa Maria. Os dois tripulantes conseguiram acionar os assentos ejetáveis, mas não sobreviveram. O avião havia saído de Florianópolis e se preparava para pousar na Base Aérea, sob forte nevoeiro

26/11/1987

  • Uma aeronave AT-26 Xavante bateu em uma torre de energia perto da BR-290, em Alegrete, matando os dois pilotos. Eles haviam decolado de Santa Maria 30 minutos antes

30/03/1995

  • A queda de um avião de treinamento da Base, em um terreno em obras, provocou um grande susto nos moradores da Cohab Fernando Ferrari. O AT-26 Xavante da FAB caiu logo depois de sofrer uma pane num dos motores. O piloto, o carioca Mark Lima dos Santos, 24 anos, conseguiu ejetar da aeronave antes do impacto no solo. O servente de pedreiro André Aires, 27 anos, que trabalhava na obra, foi atingido pela explosão

29/06/1995

  • O primeiro-tenente aviador Arthur Egydio Ferreira da Silva, 25 anos, morreu na queda de um avião da FAB na Base. O piloto da aeronave AT-26 Xavante, segundo-tenente aviador Cláudio Ramos da Cruz, 24 anos, sofreu queimaduras e traumatismo craniano. A aeronave fazia um treinamento quando colidiu com o solo a 250 metros da pista, logo depois da decolagem. O avião explodiu

14/02/2000

  • Três oficiais morreram e um ficou ferido na queda de um helicóptero. Rodrigo Vargas da Rocha, 23 anos, Heuds Caetano Alberini, 41, e Franklin Seixas Alves, 36, morreram depois de a aeronave bater no solo, no pátio da Base Aérea. O instrutor do voo Wladimir Macedo Seixas, 36 anos, ficou ferido. Eles participavam de um treinamento. O helicóptero simulava uma pane. Para isso, o motor foi desligado para fazer um pouso de emergência, mas a parte traseira se chocou no solo 

10/12/2001

  • O sargento da Aeronáutica Wilson Limp de Almeida, 37 anos, morreu depois de um salto de paraquedas. O militar estava em treinamento da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA), no Aeroclube de Santa Maria, com outros 23 praticantes. Análises indicaram não ter havido problema com o equipamento

26/03/2002

  • Os pilotos Daniel Pinheiro da Silva e Clauco Fernando Vieira Rosseto sobreviveram a um acidente com um A-1 (AMX). A queda do caça ocorreu numa propriedade rural do distrito de Pains, a oito quilômetros da Base. Depois de uma hora de voo, o A-1 iniciava o procedimento de pouso quando ocorreu o acidente. Os dois ejetaram antes da queda

12/03/2003

  • Um avião de acrobacias caiu durante a 32ª Expoaer. O piloto, tenente-coronel aviador Jarbas Alencar Terres Dutra, 41 anos, morreu na hora. O acidente foi presenciado por cerca de 25 mil pessoas que participavam do evento. Dutra pilotava um avião monomotor T-25 Universal, com matrícula FAB 1939. O acidente aconteceu depois que o piloto deu um voo rasante sobre a plateia e retornou ao local de onde decolara, chocando-se de bico contra o solo e explodiu. Na Base Aérea, aconteciam outras apresentações aéreas naquele domingo

2/07/2003

  • Um avião monomotor modelo Aero Boero caiu por volta das 18h30min, na lateral da pista de pouso da Base. A queda matou o único tripulante, o militar e piloto Rui Inácio Ferreira Filho, 19 anos. O piloto saiu de Cruz Alta para um voo civil e veio para Santa Maria. O Departamento de Aviação Civil (DAC) concluiu que o piloto jogou o avião sobre a pista intencionalmente

7/12/2012

  • O piloto André Ricardo Halmenschlager, 33 anos, da Base Aérea de Santa Maria, morreu na queda do caça AMX que tripulava no lago da Usina de Machadinho, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Ele fazia um voo de reconhecimento da região e de levantamento fotográfico. Investigação da Aeronáutica revelou que o jato bateu em cabos de alta tensão. O piloto chegou a ejetar, mas, devido à baixa altitude, acabou arremessado contra árvores 

5/04/2019

  • Um caça A-1B (AMX), da Ala 4, antiga Base Aérea de Santa Maria, caiu por volta das 16h da última sexta na área rural de Viamão, na Região Metropolitana. Segundo a Força Aérea Brasileira, os dois pilotos, o capitão Daniel Vitor e tenente Munareto, ejetaram da aeronave e sobreviveram. O acidente está em investigação

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